terça-feira, 22 de maio de 2007

Mediterrâneo RH (8)

Mesmo «de dentro» do Mediterrâneo, o representante de Chipre; participou no projecto «Ágora RH» (explicação do projecto no post 1 sobre este tema) como observador.

Artemis Artemiou (Chipre)
«Há muitas questões políticas que é preciso resolver.»

Artemis Artemiou é o presidente da Associação Cipriota de Recursos Humanos (CyHRMA). Trabalha no Banco de Chipre, na Divisão de Recursos Humanos, onde é responsável de formação e desenvolvimento.
O que é que me pode dizer da associação de profissionais de recursos humanos do seu país?
A associação representa os profissionais de recursos humanos em Chipre, incluindo formadores, especialistas em relações laborais e industriais, membros de sindicatos… Temos cerca de 430 membros individuais e 15 das maiores organizações de Chipre como membros colectivos.
Está a falar-me da parte sul da Ilha, a parte grega?
Sim,
É a parte maior?
Sim, e a mais avançada. Temos alguma cooperação com os turcos cipriotas, com os profissionais de recursos humanos dessa parte, mas eles não têm uma associação organizada. Conhecemo-los e falamos com eles.
Chipre é um país em que…
É um país em que a maioria da população é composta por gregos cipriotas, de nacionalidade cipriota; cerca de 82% falam grego, e 18% falam turco.
Então, a parte turca da ilha é uma espécie de outro país?
Não, toda a ilha é um país independente. O que acontece é que houve problemas em 1974 e a Turquia invadia militarmente a parte norte. A população estava misturada por todo o lado. Depois da invasão, os turcos cipriotas foram para norte e os gregos cipriotas foram para sul. O governo é para todo o Chipre; na década de 1980, quiseram criar um estado separado no norte, disseram «temos o nosso governo», ou seja, quiseram fazer um outro pequeno estado, mas ninguém o reconhece. A situação está assim. Isto cria alguns problemas, para os quais não vejo solução.
Que tipo de empresas é que há na parte norte da ilha?
Empresas não muito desenvolvidas. A maior parte das grandes empresas está no sul. Os grandes bancos…
A vossa associação tem membros do norte?
Não. No norte existe uma espécie de associação, mas é muito pequena e não está desenvolvida. Falamos com eles, cooperamos nalguns estudos.
Ou seja, os problemas políticos acabam por afectar tudo?
Sim, e também a nossa cooperação com os turcos cipriotas. É difícil… Nem há ligação telefónica directa. Ir ao norte tem que se lhe diga, é preciso passar a linha de divisão, o check point, tipo aquele que havia em Berlim no tempo das duas Alemanhas. Do lado norte revistam tudo, do lado sul a mesma coisa; é como ir a outro país.
E o que é que acha que vai acontecer no futuro?
Como disse, não vejo uma solução, nem como poderão encontrá-la. Talvez as coisas passassem por uma federação, como a Suiça, mas são 900.000 pessoas; vai-se fazer uma federação com 900.000 pessoas…
Você está aqui a participar como observador num projecto que tem a ver com o Mediterrâneo. É um projecto em que parece existir uma grande cooperação. Não lhe parece que os problemas vêm sempre das confusões dos políticos?
O projecto integra a parte ocidental do Mediterrâneo, e é preciso trabalhar com todo o Mediterrâneo para ver como as coisas funcionam. Este espaço tem muitos problemas; há o conflito entre Israel e a Palestina, há a situação no Líbano, o problema da Turquia com Chipre e com a Grécia, depois a Macedónia em relação à qual a Grécia coloca problemas… Há muitas questões políticas que é preciso resolver, questões em relação às quais se deve ter novas perspectivas. Mas este projecto é muito, muito importante. Porque nós queremos saber o que se passa no Mediterrâneo. Não quer dizer que seja um espaço homogéneo, e é preciso ver as diferenças. A maneira como o projecto tem sido desenvolvido é interessante, porque há diversos contributos, dá-se a conhecer as melhores práticas de alguns países.
Vocês, para já, são apenas observadores...
Sim. Fomos convidados para isso, e esperamos no futuro participar plenamente. Os resultados, de certeza, serão úteis para o meu país.
Sei que viveu nos Estados Unidos…
Sim, durante oito anos, e estudei em Inglaterra.
Que contributo pode resultar dessas suas experiências para um pequeno país como Chipre?
Bom, em Chipre, ao nível das empresas, o modo de trabalhar é claramente europeu. Refiro-me aos gregos cipriotas, e antes da invasão era também assim em relação aos turcos cipriotas. As nossas empresas têm uma gestão como as da Europa ocidental.

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