sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Edição de Janeiro

Número 65 da revista «Pessoal» – edição de Janeiro de 2008. Em foco, um trabalho sobre José Mourinho e os seus segredos. A seguir, o meu editorial. (clicar na imagem para aumentar)


Mourinho, ética, directores doentes e uma diferença
São 14 os segredos de José Mourinho que aqui revelamos. É uma boa maneira de começar o novo ano, com um excelente trabalho sobre as «características únicas» de um homem que em meia década se tornou numa das figuras mais mediáticas do mundo. Coloquei a expressão «características únicas» entre aspas porque ela não me pertence. É de Luís Bento, colaborador da «Pessoal» desde que esta série começou, no Verão de 2002. O Luís surpreendeu-me com um texto sobre José Mourinho, na sua habitual crónica do espaço «Perspectivas»; surpreendeu-me tanto que acabei por fazer força para que fosse para a capa da edição deste mês, ainda que isso nos obrigasse a algumas alterações na estrutura habitual do espaço. Acredito que terá valido a pena. Talvez esta seja a primeira vez que os segredos do «special one» são apresentados assim de forma tão clara e sistematizada.
Quero ainda fazer mais três destaques desta edição…
Primeiro, uma entrevista sobre o tema da ética no meio empresarial, algo que a mim me entusiasma, e algo em que é preciso mexer com algum cuidado. A entrevista é feita a Afonso Batista, um homem das empresas, com uma vasta experiência desse mundo, um homem que a certa altura diz que «estamos a viver uma época em que tudo é aproveitável, reciclável e transformável em negócio e em que determinados agentes vêem aquilo a que chamam uma janela de oportunidades», e também que «o oportunismo e a hipocrisia sempre fizeram parte do lado negro do ser humano, mesmo que seja a enriquecer com a desgraça e a miséria dos outros».
Segundo… Os «directores doentes», também aqui com aspas, porque quem se saiu com a expressão foi o colaborador de Espanha, o meu amigo Manuel González Oubel, que não acredita em grandes curas, defendendo mesmo que, «na maioria dos casos, o mais indicado seria tomar a drástica decisão de mudar de uma vez os executivos psicologicamente ‘desajustados’», porque «muitas das empresas doentes, dirigidas por personagens neuróticas, são muito difíceis de mudar».
E o último destaque, que curiosamente tem a ver com Espanha, mas infelizmente também com Portugal. Uma entrevista com o jurista Carlos Perdigão, que a certa altura, falando das realidades laborais dos dois países, diz o seguinte: «A Espanha, ao contrário de Portugal, tem apostado bastante no diálogo social e na alteração do paradigma a nível de contratação, com clara prioridade para as soluções assentes na estabilidade contratual e do emprego e consequente subalternização da contratação atípica. Ao que parece, com bons resultados, a avaliar pelos indicadores conhecidos. O ‘Estatuto de los Trabajadores’, comparativamente com o nosso ‘Código do Trabalho’, é um instrumento bem mais reduzido, acessível e compreensível, e desse ponto de vista parece mais talhado para menor evasão e controvérsia.»