sábado, 29 de dezembro de 2007

Mediterrâneo RH (12)

De novo o projecto «Ágora RH» (explicação do projecto no post 1 sobre este tema); a entrevista com a representante de um país do meio do Mediterrâneo, Malta.

Maria Pia Chircop (Malta)
«Não se pode comparar competências para gerir empresas e para gerir países.»

Maria Pia Chircop está ligada à Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FHRD), de Malta, na qual é chief executive officer (CEO). Desempenha estas funções há cerca de dois anos, depois de ter trabalhado em várias empresas, em áreas tão diversas como finanças, gestão geral e recursos humanos (aqui durante mais tempo); trabalhou em Malta e em Itália.
Qual é a sua opinião sobre a gestão das pessoas nas organizações em Malta?
É algo cada vez mais desafiante, por causa da legislação da União Europeia. Os empregados têm muitos direitos em Malta e isso dificulta muito a vida dos empregadores, para competirem no mercado. Os sindicatos são muito fortes. A nossa economia não está brilhante de momento, e muitas empresas estão a fechar, outras estão a reestruturar-se, de forma que tudo isto representa um ambiente de desafio para os gestores de recursos humanos, com downsizings, reestruturações, enfim, com medidas que visam salvar as empresas.
Qual a importância das pessoas que trabalham na gestão de recursos humanos? Ou melhor, como são vistas de uma maneira geral?
Depende. Nas empresas internacionais são muito consideradas. Temos um bom número de empresas estrangeiras, norte-americanas e da Europa do norte. Mas noutras empresas já não é bem assim. Então as do sector público – e esse sector é o empregador número um em Malta, com cerca de 35.000 pessoas – tudo é bem diferente; quando se desenha políticas de recursos humanos, por exemplo, é impossível pensar como se se estivesse no sector privado, e muito menos como se se estivesse em multinacionais.
E o «Projecto Ágora RH»? A sua associação – ou deverei dizer fundação – está como observadora e quer integrar-se de facto…
Considero este projecto muito positivo. Ele revela experiências, empresas, pessoas, boas práticas, os cenários do emprego em diferentes países. Só pode mesmo ser enriquecedor para todos os participantes, sobretudo pela troca de conhecimentos. Creio que Malta irá participar.
Bom, Malta está no centro do Mar Mediterrâneo…
Sim, isso é verdade.
Curiosamente ouvi alguns dos participantes franceses falarem como se fossem o centro de tudo?
Mas é Malta que fica no Centro do Mar Mediterrâneo. Enfim, se eles acreditam que são o centro de tudo, se se sentem bem assim… E já viu que neste colóquio é tudo em francês… O maltês é uma língua aceite na União Europeia. Se calhar eu devia exigir tradução de todas as comunicações para maltês.
Que tipo de idioma é o maltês?
É uma língua que mistura palavras. Vivemos sob o domínio britânico…
Fala-se muito o inglês na ilha…
Sim, mas também falamos maltês. Depende… As crianças nas escolas falam inglês, as pessoas mais velhas falam maltês.
No espaço do Mediterrâneo há problemas políticos. Como podem influenciar o futuro da Europa e de África, sobretudo do norte de África?
Se olharmos uns para os outros sem pensar em política, se olharmos tal como somos, como países, de uma maneira positiva, penso que poderemos trabalhar em conjunto, aceitando a diversidade.
É a parte fácil?
Sim, em relação aos problemas políticos não podemos ser nós a fazer as coisas. Veja os muçulmanos… Não sei que diferença há entre eles e os cristãos, ou os protestantes. No trabalho somos todos iguais, temos que fazer o nosso trabalho e pronto. Há regras em cada trabalho… Claro que se uma pessoa mudar de pais terá de se adaptar.
Acha que há mais inteligência no mundo das empresas do que no mundo da politica?
Não, não creio. A verdade é que não se pode comparar competências para gerir empresas e competências para gerir países.

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