domingo, 30 de dezembro de 2007

Ética empresarial

É de finais de 2006 (rev. «Pessoal»). Um trabalho sobre um tema da moda nos últimos anos, ética empresarial. Não devia ser da moda, devia ser banal, mas pronto, é da moda e até se tornou uma espécie de negócio. Texto a seguir...

Do que é que se fala…

Do que é que se fala, afinal, quando se fala de ética empresarial? A pergunta pode colocar-se, adaptada de uma célebre lembrança de um escritor – também ele célebre – para título de uma das suas obras. Sim, do que é que se fala, ou do que é que nos falam quando o tema é a ética aplicada ao mundo das empresas?

Fala-se, é claro, de muitas coisas, e nem sempre essas mesmas coisas são convergentes. O que não é necessariamente mau, nem pelo contrário constitui um motivo para regozijo. Quando o tema é a ética empresarial, há simplesmente muito para dizer, tanto que do que ouvimos nem a décima parte se consegue aqui reproduzir. Questões de espaço, mais nada; são elas sempre as que mais força têm. Mas adiante… Comecemos com Guillermo Barrera, um especialista em novas tecnologias a viver nos Estados Unidos, depois de uma passagem por várias empresas em Portugal; é ele que refere alguns aspectos que neste âmbito considera deverem ser tidos em conta em qualquer empresa ou organização: «a existência, escrita e de domínio público, do código de valores em que a organização acredita e que defende; também a existência, em manuais de procedimentos, de orientações aos empregados, sobre como agir quando algo pareça ter aspectos questionáveis; a abertura para um empregado poder consultar o seu superior para esclarecer dúvidas quanto a aspectos éticos de algum acto que pretenda praticar». Este argentino que fala um português com sotaque do Brasil assinala, no entanto, que «a pressão excessiva para obter resultados pode induzir os colaboradores de uma organização a praticar actos que de outra forma não praticariam, se pudessem exercer livremente o seu julgamento e o bom senso», e também que «a ética empresarial apenas tem significado quando julgada à luz dos valores que a empresa em causa defende». Na sua opinião, «as empresas devem clarificar aos stakeholders – ou seja, a empregados, clientes e parceiros – qual o seu código de valores», e fala da sua própria experiência… «Fui trabalhar para a Sonae em 1989, e isso teve em grande parte a ver com o facto de eles publicarem no seu relatório anual os valores do chamado Homem Sonae. Como eu estava acostumado a isso na experiência anterior, fiquei muito bem impressionado, por ver que havia essa preocupação e que os valores estavam alinhados com os meus próprios códigos de valores pessoais. Esse alinhamento é fundamental para assegurar que as empresas e os seus colaboradores vão remar na mesma direcção.»
Maria Márcia Trigo, professora universitária na Escola de Gestão & Negócios (EG&N) da Universidade Autónoma de Lisboa, onde é responsável por dois dos MBAs executivos (um de liderança e gestão de negócios e outro de gestão de recursos humanos), prefere destacar um «aspecto crítico e fundamental», algo que funciona como «variável independente que influencia tudo o resto». Trata-se do «carácter moral do líder» da empresa, e também «a visão e a sua articulação com a acção estratégica e operacional». E concretiza, socorrendo-se de um trabalho do professor da Harvard Business School John P. Kotter, de 1996… «Destes princípios decorre o que designamos por líderes autênticos e confiáveis, em contraposição com os líderes impostores ou desonestos, ou pseudo-líderes, ou mesmo líderes-serpentes, os quais são fonte de desconfiança, tanto interna como externa, influenciando negativamente o clima organizacional da empresa – e por essa via minando a própria produtividade –, bem como a credibilidade externa». Tudo tem reflexos em termos de «competitividade e sobrevivência». Ainda segundo Maria Márcia Trigo, e no caso específico de uma empresa cotada em bolsa, «há quatro princípios orientadores do relacionamento ético entre accionistas, administração de topo, direcção executiva, conselho consultivo ou não executivo, trabalhadores, clientes e fornecedores – transparência, equidade, prestação de contas e cumprimento das leis». Só que muitas vezes o chamado governo da empresa, também denominado corporate governance, acaba por não ser ético «e a empresa multiplica-se em acções de suposta responsabilidade social, como o apoio a fundações e associações sem fins lucrativos, museus e outras actividades culturais e científicas, ajuda social continuada ou esporádica, mecenato do mais diverso, entre outras».
Já Maria Duarte Bello, consultora de imagem e também com actividade de personal and business coach, refere que «as empresas exercem a sua actividade no seio da comunidade, sendo indispensável a implementação de práticas de acordo com a legislação, só que essa obediência não assegura uma conduta ética». Maria Duarte Bello, que participa na Comissão Técnica de Responsabilidade Social (que está a elaborar a norma portuguesa da responsabilidade social), no Conselho Superior de Ética e Responsabilidade Social e ainda na Comissão Permanente de Qualificação de Práticas de Ética Empresarial e Responsabilidade Social, assinala ainda que «os responsáveis das empresas enfrentam com regularidade situações problemáticas do ponto de vista ético, situações que se agravam quando surgem dificuldades económico-financeiras ou períodos de crise». Por isso, «outro aspecto essencial é o da formação íntegra do gestor, que pode caracterizar-se por uma gestão regida por princípios éticos e que vai mais além ao dar o exemplo aos colaboradores». Contudo, «nunca perdendo de vista a vantagem competitiva, o gestor deve optar pela estratégia que consiga ser ao mesmo tempo economicamente viável e moralmente isenta de reparos; ao respeitar a ética empresarial, pode conciliar os seus princípios éticos com decisões economicamente vantajosas, ao mesmo tempo que cria uma imagem positiva da sua empresa e melhora os padrões de conduta dos colaboradores».

Moda, globalização, tecnologia e Portugal
De qualquer forma, independentemente daquilo de que se esteja a falar quando se fala de ética empresarial, é indiscutível que o tema nos últimos anos tem vindo a marcar presença no mundo das empresas, chegando até a sugerir-se que se trata de uma moda, a par de outros, como por exemplo o da responsabilidade social. Amândio da Fonseca, administrador executivo do Grupo Egor, encara tudo isto como sendo «resultado do processo de humanização das organizações e do reconhecimento da importância das pessoas nos resultados dos negócios». Na sua opinião, «a ética tornou-se uma consequência natural dos novos paradigmas da gestão», sendo que «nalguns casos estaremos perante uma buzzword com importante potencial de valorização da imagem e à qual o marketing não podia ficar indiferente, e noutros insere-se num genuíno esforço de melhoria, quer a nível individual, quer organizacional, correspondendo a uma reacção cultural em relação a factores como a corrupção ou a desumanização do trabalho». Já Maria Duarte Bello assinala que «os fenómenos da globalização e da internacionalização das empresas levam ao maior conhecimento das problemáticas empresariais, juntando-se a isso uma maior exigência de clientes, colaboradores e cidadãos em geral». Ideia que é complementada por Guillermo Barrera, quando aborda a questão das «diferenças culturais». Para ele, «se o conceito de ética empresarial tem a ver com os valores que a organização segue, estes estão também inseridos num contexto mais abrangente que são os valores da sociedade em que a organização está a actuar, inclusive com algumas facetas da religião». Por exemplo, «nas culturas orientais é perfeitamente aceitável e prática comum que um comprador ganhe comissões em compras que faz para a sua empresa, porque esta não tem instrumentos de bónus para a produtividade, mas nas sociedades ocidentais, mais mecanizadas, acredita-se que o empregado não deve receber comissões dos fornecedores, por ser pago para negociar as melhores condições possíveis para sua empresa, tendo a sua recompensa na forma de bónus ou prémios de acordo com seu desempenho». Ora, «com o advento da globalização dos mercados o problema passa a ser que as práticas conflituam consoante os valores dos mercados de origem da organização e os valores daqueles mercados em que ela actua».
Para Helena Campos, uma docente universitária e investigadora que prepara um doutoramento ligado à construção de um modelo de códigos de ética para profissionais de sistemas de informação, «a consciência da importância destes temas tem vindo a crescer nos últimos anos, sobretudo como consequência de problemas financeiros ou ambientais provocados por decisões éticas, de escândalos observados em grandes organizações internacionais, do rápido desenvolvimento tecnológico a nível global – a generalização do acesso à Internet e às tecnologias de informação –, implicando a ampla apropriação social e económica destas tecnologias, a sua difusão nos sectores de actividade e a promoção da sua correcta utilização, tão crucial na esfera social como no sector empresarial». Helena Campos fala de esta prática ser já comum em muitos países da Europa e nos Estados Unidos… «O interesse pelo assunto, após estar há mais de 30 anos em evidência nos Estados Unidos, não está a diminuir, ou seja, não se trata de um modismo mas realmente de um interesse generalizado, e que ao que tudo indica veio para ficar.» Na mesma linha, Guillermo Barrera recorda tempos em que trabalhava na empresa Digital Equipment, concretamente o ano de 1980… «Nessa altura, surgiu a primeira discussão de ética empresarial nos Estados Unidos, e as grandes empresas começaram a publicar os seus códigos de ética. Isso teve a ver com algum escândalo da época, penso que com o problema de pagarem luvas para ganharem concursos noutros países. Foram casos que envolveram empresas de aviões e tecnologia que despoletaram a discussão. Agora, com os escândalos da Enron e, mais recentemente, da HP, voltou a discussão.»
E num tempo e que «voltou a discussão», como se vão comportando as empresas portuguesas?
Maria Duarte Bello, que defende existirem «bons exemplos», contudo «pouco representativos», distingue mesmo assim «grandes empresas que desenvolvem boas práticas empresariais e que seguem filosofias e modelos já instituídos», e também «médias e pequenas empresas nas quais a proximidade é fundamental, sendo as políticas e as práticas empresariais implementadas com respeito por todos os colaboradores com maior facilidade». Já Guillermo Barrera faz notar que Portugal «é um país com uma cultura generalizada de não fazer ou de enfatizar manuais de procedimentos» e que isso leva a que «aconteçam muitos casos de agentes das organizações com comportamentos cuja ética pode ser questionada». Isto porque «a falta de um blueprint que defina a personalidade da organização, como o caso referido dos valores do Homem Sonae, pode autorizar comportamentos que, de outra forma, seriam imediatamente reconhecidos pelo próprio agente como não éticos para a sua organização». Mas nem tudo parece perdido na óptica de Guillermo Barrera, porque, por outro lado, «a cultura do país defende valores de integridade e lealdade, e isso leva a que os indivíduos exerçam seu próprio julgamento usando os valores pessoais, na falta de valores organizacionais definidos». Assim, acredita que «a generalidade das empresas em Portugal tem um comportamento ético de boa qualidade, fruto da boa formação pessoal dos seus colaboradores». Helena Campos fala em termos de gerais de um panorama desolador, mas não esquece que «já existem esforços por parte de algumas empresas de vários sectores, casos da Microsoft, da Delta e da IBM, que se uniram em prol de boas práticas empresariais, pautadas por princípios éticos e de responsabilidade social corporativa, demonstrando uma nova forma de administração». Ou seja, «existe um longo caminho a percorrer em termos da definição e da execução de comportamentos éticos e de acções de responsabilidade social corporativa em Portugal, devendo haver a preocupação de comunicar as acções desenvolvidas ao nível da responsabilidade social, para que os cidadãos tenham conhecimento do que a empresa faz a este nível, através de estratégias de comunicação, com relatórios sociais, acções de relações públicas, programas televisivos para abrir espaço de discussão, entre outras iniciativas».
Para Amândio da Fonseca, «as lacunas éticas de qualquer sociedade – de onde emanam as empresas – resultam em primeiro lugar de um défice cultural de cidadania». Assim, e no caso português, «o ambiente cívico permissivo, a ineficácia da justiça, o sentimento de impunidade dos poderosos ou as desigualdades sociais não constituem o clima mais propício para que a ética floresça, sendo que a recente ênfase colocada – ao mais alto nível – nos problemas da corrupção reflecte não apenas uma reacção de repúdio da sociedade mas também a manifestação de um sentimento colectivo de rejeição». Mais pessimista, e até um pouco em desacordo em termos de tendência, está Maria Márcia Trigo, para quem apesar de tudo «muitas empresas serão certamente exemplares». O problema – diz – é que «os empresários e os líderes de cá são influenciados por características muito portuguesas e muito valorizadas pelos portugueses». Características que rapidamente enumera: «o espírito do desenrasca, em que vale tudo para cumprir os objectivos e o tempo desperdiçado, com destaque para autênticas instituições como a cunha e o padrinho; a prática ‘louvável’ da fuga ao fisco e à lei, vista como esperteza; o princípio de que ‘o fins justificam os meios’ muito comum nas empresas mas também na Administração Pública, tanto central, como regional e autárquica; a prática de uso e abuso do poder em proveito próprio, visto como virtude, porque ‘quem rouba a ladrão tem 100 anos de perdão’ e além disso o Estado não é considerado pessoa de bem pela maioria dos cidadãos; a ausência de uma cultura de avaliação e de prestação de contas». De qualquer forma, Amândio da Fonseca, acentua a ideia de que «o contexto é de mudança», pelo que «as empresas portuguesas terão que passar a atribuir à ética uma importância que actualmente não lhe é reconhecida».

CAIXA
Públicos problemas
Para Maria Márcia Trigo, «a chamada ‘coisa pública’ tem sido deusificada ao longo dos tempos, como sendo, independentemente de qualquer avaliação, uma coisa boa». «Empresas públicas, serviços públicos, escola pública, segurança pública, justiça, administração local, etc, tudo esteve por longos anos afastado do escrutínio público dos cidadãos, tendo acabado por criar uma cultura de relativismo acrítico em relação à Administração Pública em geral. Daqui decorre também que sendo a actividade pública uma coisa boa, então ‘não precisa de justificar a sua existência, divulgar os resultados, prestar contas, ser transparente’, etc. Ela situa-se ‘acima do bem e do mal’. Bastará analisar o discurso dos defensores acríticos do serviço público, independentemente da qualidade do serviço prestado e dos recursos que consome. O centralismo, a burocracia, a complexidade da legislação e a incultura da maioria da população – em 4,9 milhões de activos, cerca de dois terços das pessoas têm menos do que o nono ano de escolaridade – fazem o resto, reforçando uma cultura de impunidade, de tráfico de influências, da má gestão do tempo e de outros recursos escassos.» Em síntese: «os políticos, a todos os níveis, incluindo a administração local, absorvem e consomem todo esse discurso ético até à exaustão, apesar de muitos deles serem parte do problema e não da solução; as instituições públicas são pouco autónomas e muito regulamentadas, por isso preferem adoptar um discurso de rigorosos cumpridores da lei, passando para as más leis e respectiva complexidade, para os maus decisores políticos e para as más políticas todo e qualquer desvio – quando se trata de instituições com autonomia, como institutos públicos ou empresas públicas, a teia da legislação e o stop and go das decisões políticas justificam tudo; ou seja, idealizámos a Administração Pública e a sua finalidade, sem cuidarmos de perceber que, também e sobretudo aí, é na acção e pela acção que nos identificamos, nos definimos, nos valorizamos e justificamos a nossa existência.»

sábado, 29 de dezembro de 2007

Mediterrâneo RH (12)

De novo o projecto «Ágora RH» (explicação do projecto no post 1 sobre este tema); a entrevista com a representante de um país do meio do Mediterrâneo, Malta.

Maria Pia Chircop (Malta)
«Não se pode comparar competências para gerir empresas e para gerir países.»

Maria Pia Chircop está ligada à Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FHRD), de Malta, na qual é chief executive officer (CEO). Desempenha estas funções há cerca de dois anos, depois de ter trabalhado em várias empresas, em áreas tão diversas como finanças, gestão geral e recursos humanos (aqui durante mais tempo); trabalhou em Malta e em Itália.
Qual é a sua opinião sobre a gestão das pessoas nas organizações em Malta?
É algo cada vez mais desafiante, por causa da legislação da União Europeia. Os empregados têm muitos direitos em Malta e isso dificulta muito a vida dos empregadores, para competirem no mercado. Os sindicatos são muito fortes. A nossa economia não está brilhante de momento, e muitas empresas estão a fechar, outras estão a reestruturar-se, de forma que tudo isto representa um ambiente de desafio para os gestores de recursos humanos, com downsizings, reestruturações, enfim, com medidas que visam salvar as empresas.
Qual a importância das pessoas que trabalham na gestão de recursos humanos? Ou melhor, como são vistas de uma maneira geral?
Depende. Nas empresas internacionais são muito consideradas. Temos um bom número de empresas estrangeiras, norte-americanas e da Europa do norte. Mas noutras empresas já não é bem assim. Então as do sector público – e esse sector é o empregador número um em Malta, com cerca de 35.000 pessoas – tudo é bem diferente; quando se desenha políticas de recursos humanos, por exemplo, é impossível pensar como se se estivesse no sector privado, e muito menos como se se estivesse em multinacionais.
E o «Projecto Ágora RH»? A sua associação – ou deverei dizer fundação – está como observadora e quer integrar-se de facto…
Considero este projecto muito positivo. Ele revela experiências, empresas, pessoas, boas práticas, os cenários do emprego em diferentes países. Só pode mesmo ser enriquecedor para todos os participantes, sobretudo pela troca de conhecimentos. Creio que Malta irá participar.
Bom, Malta está no centro do Mar Mediterrâneo…
Sim, isso é verdade.
Curiosamente ouvi alguns dos participantes franceses falarem como se fossem o centro de tudo?
Mas é Malta que fica no Centro do Mar Mediterrâneo. Enfim, se eles acreditam que são o centro de tudo, se se sentem bem assim… E já viu que neste colóquio é tudo em francês… O maltês é uma língua aceite na União Europeia. Se calhar eu devia exigir tradução de todas as comunicações para maltês.
Que tipo de idioma é o maltês?
É uma língua que mistura palavras. Vivemos sob o domínio britânico…
Fala-se muito o inglês na ilha…
Sim, mas também falamos maltês. Depende… As crianças nas escolas falam inglês, as pessoas mais velhas falam maltês.
No espaço do Mediterrâneo há problemas políticos. Como podem influenciar o futuro da Europa e de África, sobretudo do norte de África?
Se olharmos uns para os outros sem pensar em política, se olharmos tal como somos, como países, de uma maneira positiva, penso que poderemos trabalhar em conjunto, aceitando a diversidade.
É a parte fácil?
Sim, em relação aos problemas políticos não podemos ser nós a fazer as coisas. Veja os muçulmanos… Não sei que diferença há entre eles e os cristãos, ou os protestantes. No trabalho somos todos iguais, temos que fazer o nosso trabalho e pronto. Há regras em cada trabalho… Claro que se uma pessoa mudar de pais terá de se adaptar.
Acha que há mais inteligência no mundo das empresas do que no mundo da politica?
Não, não creio. A verdade é que não se pode comparar competências para gerir empresas e competências para gerir países.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Edição de Dezembro

Número 64 da revista «Pessoal» – edição de Dezembro. Uma edição especial, sobre o mundo português dos recursos humanos em 2007. A seguir, o meu editorial.
(clicar na imagem para aumentar)

Uma edição especial
Esta é uma edição especial. O que nos propusemos fazer foi um balanço do ano de 2007 sobre o mundo português da gestão das pessoas. Com muitos dos seus próprios protagonistas, concretamente responsáveis de empresas da área. São 31 contributos, com perspectivas de abordagem bastante diversificadas, a partir dos quais se pode ficar a perceber o que tem sido o ano que agora termina em termos de gestão das pessoas nas organizações.
O desafio podia colocar alguns problemas. Como escreve Jorge Horta Alves, responsável da SHL Portugal… «Sejamos sinceros. A tarefa de opinar sobre a gestão das pessoas, em Portugal, hoje, é missão quase impossível, pela quantidade e diversidade das organizações. São 350.000 empresas, mais os serviços públicos, mais as organizações sem fins lucrativos, de todos os tipos e dimensões e com as mais diversas origens.» Enfim, nada que não fosse possível ultrapassar, sobretudo por uma ideia que está bem expressa no mesmo texto de Jorge Horta Alves… «O que facilita um pouco a tarefa é que só uma minoria dessas organizações, talvez 10%, tem aquilo a que se pode chamar, com propriedade, gestão. E, como já alguém disse, talvez 10% destas tenham gestão de recursos humanos. Caímos assim num domínio de 3.000 a 4.000 organizações com sistemas integrados ou parciais de gestão das pessoas.»
E surgiram os 31 contributos. Abordando os tópicos mais variados. A famigerada «flexissegurança», colocada aqui entre aspas porque nesta revista aparece sempre com dois ésses para não cair no desagradável erro ortográfico (flexisegurança) que já invadiu um país tão esquecido daquela regra de o ésse entre duas vogais se ler como um zê; as leis laborais, principalmente a nova lei do trabalho temporário; os modelos de gestão das pessoas, velhos e novos; a maneira como essas mesmas pessoas são tratadas nas organizações portuguesas… Isto e muitas outras coisas passam pelo conjunto de textos que constituem o tema principal desta edição, que resolvemos abreviar para «RH 2007».
De resto, procurámos manter a edição o mais possível colada à estrutura habitual. Daí que surjam como sempre os espaços de opinião, um perfil – no caso de uma gestora de uma instituição que se dedica à formação de executivos e que está integrada numa universidade –, uma reflexão a que desde há muito chamamos «RH» (curiosamente sobre «flexissegurança»), um tema em foco (a formação, concretamente a questão das escolas profissionais) ou os ‘hobbies’ de uma mulher das empresas e a ligação que têm com o seu trabalho.
E por ser uma edição com um balanço do ano… O nosso também. É bom. Agora sabemos mais coisas. Conhecemos mais pessoas. Assistimos, maravilhados, surpreendidos, espantados, condescendentes, zangados, a coisas que, passe a redundância, nos maravilharam, nos surpreenderam, nos deixaram espantados, que mereceram a nossa condescendência, que fizeram com que nos zangássemos. Com tudo isto crescemos. Por isso o balanço é bom. E dá-nos força para continuar.