sexta-feira, 8 de junho de 2007

Edição de Junho

Revista «Pessoal» de Junho, o número 58. Na capa aparece o líder da YDreams, António Câmara (a revista publica um perfil dele). O meu editorial já a seguir.

Dois destaques
Dois destaques, é o que trago a este espaço, dois destaques da edição. Um perfil e o dossier sobre consultoria de recursos humanos. No perfil, António Câmara, que ainda recentemente recebeu o «Prémio Pessoa», uma distinção que parecia bem distante de gente das empresas. António Câmara, o líder da YDreams, uma das mais admiradas empresas portuguesas de novas tecnologias, contrariou a tendência. E estranhamente, o que poderia pensar-se ter sido uma decisão surpreendente acabou por parecer normal, pelo reconhecimento que este professor-empresário já conseguiu no nosso país. É dele a ideia do título principal da capa desta edição, a ideia de imaginar o futuro… Quando diz que aquilo de que gosta verdadeiramente, e aquilo que faz melhor, é «imaginar o futuro e transformá-lo, e de alguma forma possibilitar que os sonhos se convertam em realidade». Falta muito isto nos líderes das empresas portuguesas; a maior parte nem se aventura por palavras destas (o termo «visão» dá quase para tudo), e alguns dos que tentam ainda fazem figuras tristes com o português. António Câmara acaba por ser o rosto do que pode considerar-se um novo tempo no mundo português das empresas, um tempo em que os líderes possam ser distinguidos pelas suas obras e não por coisas que nunca se percebe bem o que são e que vulgarmente se abrigam dentro de uma categoria um pouco vaga e geralmente etiquetada como «actos de gestão». É com muito orgulho que publicamos na «Pessoal» o seu perfil.
Segundo destaque, o dossier sobre consultoria de recursos humanos, e particularmente o entrevistado, o consultor Pedro M. Martins. É ele que nos guia pelo mundo da consultoria, o português e não só, numa longa entrevista da qual mesmo assim tivemos de deixar uma parte de fora, por questões de espaço. Recupero no entanto um bocadinho aqui, um bocadinho do que deixámos de fora (onde se saía um pouco da consultoria). Primeiro, a resposta a uma pergunta sobre o facto de eu o ter ouvido a falar numa conferência para pessoas de empresas num modelo que denominou como «Modelo do Pinscher», algo de que se servia para explicar a actuação de empresários portugueses que tentam internacionalizar-se. A resposta… «O Pinscher é uma raça de cão que tem sido objecto de engenharia genética ao longo de anos; originalmente era um cão de guerra – grande e feroz – e hoje tornou-se num pequeno cão de colo. No entanto, continua a agir como se fosse um cão de guerra, sendo agressivo com todas as outras espécies de cães, o que é ridículo face à sua pequenez. Julgo que isso acontece com muitos dos nossos profissionais, gestores e empresários: quanto maior é o défice das suas competências, maior é a sua arrogância e a sua incapacidade para reconhecer os seus pontos fracos e as necessidades de melhoria, e consequentemente menor é a sua competitividade no mercado nacional e também, é claro, no internacional.» Na sequência disto, a pergunta sobre se haverá empresas portuguesas com condições para terem um grande sucesso a nível internacional, mais do que conseguirem apenas algumas encomendas que por cá são consideradas, com grande exagero, como algo de extraordinário. E a resposta… «Um dos aspectos mais interessantes do mundo empresarial de hoje é que o principal capital das empresas passou a ser o conhecimento e as competências, o que com a globalização se tornou igualmente acessível em países mais e menos desenvolvidos. Por isso, as empresas portuguesas que invistam efectivamente no desenvolvimento das competências dos seus empregados – em particular dos gestores –, na eficácia dos processos de trabalho, que promovam uma cultura de excelência e tenham visão estratégica, só poderão ser bem sucedidas, em qualquer mercado.»

Claro que eu tinha de destacar isto.

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