Número 71 da revista «Pessoal» – edição de Julho de 2008. O tema de capa é um dossier sobre recursos humanos e tecnologias de informação. O meu editorial…
RH, tecnologia, empreendedorismo e um novo conceito
Uma edição com dois grandes destaques, um dossier sobre empreendedorismo e um «especial» dedicado ao tema «recursos humanos e tecnologias de informação». Foi este «especial» que resolvemos puxar para destaque maior na capa, um trabalho protagonizado por 14 instituições e que inclui numa primeira parte diversos artigos sobre softwares de gestão (especialmente em termos de gestão das pessoas nas organizações) e numa segunda vários outros sobre e-learning, havendo ainda um texto final sobre o mercado de recrutamento e selecção de profissionais nestas áreas. Quanto ao dossier, ele assenta sobretudo na visão de dois jovens talentos portugueses sobre o tema do «empreendedorismo», dois jovens que entrevistámos e de quem publicamos também um artigo extremamente meritório. São dois engenheiros portugueses com experiências universitárias fora do país. Nota-se, sobretudo na entrevista, nas respostas que deram, como que algo de novo, isto se pensarmos apenas no que em Portugal, tradicionalmente, preenche os discursos sobre empreendedorismo. Um desses jovens chega mesmo a confessar que «as respostas dadas são um bom exemplo da aprendizagem no exterior» pois do que disseram «muito pouco foi aprendido em Portugal». O dossier tem ainda uma reportagem sobre o tema, na qual nos propusemos ouvir diversas pessoas de alguma forma ligadas ao meio empresarial, vários homens e várias mulheres; uma particularidade, eventualmente fruto do acaso, mas que achámos curiosa – os homens responderam, já as mulheres nem uma.
Mais uma coisa… Um novo conceito, que se pode encontrar num dos artigos do espaço «Perspectivas»: a «iliteracia emocional». Não resisto a colocar aqui um bocadinho do texto… «Modernamente, uma classe tecnopolítica (verdadeiros tecnocratas da política) emergente, é completamente incapaz de expressar emoções perante o sofrimento alheio. Reduz tudo a estudos e a análises económico-financeiras, cobrindo-se com o manto (não) diáfano do poder./ São os novos iletrados emocionais: conseguem dizer que são sensíveis ao problema e nada fazer; conseguem olhar com distanciamento o sofrimento alheio; conseguem persistir em ideias do passado quando vem aí o futuro; conseguem esconder-se dentro de uma redoma protectora; conseguem viver não vivendo e não deixando os outros viver./ Estes novos iletrados emocionais (que pululam por aqui e por ali) reconhecem-se facilmente não por aquilo que fazem mas, acima de tudo, pelo que não fazem, autoproclamando-se proprietários da razão, e os outros (os que sofrem, os que vivem com imensas dificuldades, os que não têm que comer) são sempre referidos como tendo dificuldades de entendimento e de análise das circunstâncias./ E até já se chegou ao cúmulo de classificar os dados sobre a pobreza e sobre as desigualdades na distribuição do rendimento em Portugal como ‘empiricamente falsos’.»
A edição, obviamente, tem muito mais para descobrir.
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RH, tecnologia, empreendedorismo e um novo conceito
Uma edição com dois grandes destaques, um dossier sobre empreendedorismo e um «especial» dedicado ao tema «recursos humanos e tecnologias de informação». Foi este «especial» que resolvemos puxar para destaque maior na capa, um trabalho protagonizado por 14 instituições e que inclui numa primeira parte diversos artigos sobre softwares de gestão (especialmente em termos de gestão das pessoas nas organizações) e numa segunda vários outros sobre e-learning, havendo ainda um texto final sobre o mercado de recrutamento e selecção de profissionais nestas áreas. Quanto ao dossier, ele assenta sobretudo na visão de dois jovens talentos portugueses sobre o tema do «empreendedorismo», dois jovens que entrevistámos e de quem publicamos também um artigo extremamente meritório. São dois engenheiros portugueses com experiências universitárias fora do país. Nota-se, sobretudo na entrevista, nas respostas que deram, como que algo de novo, isto se pensarmos apenas no que em Portugal, tradicionalmente, preenche os discursos sobre empreendedorismo. Um desses jovens chega mesmo a confessar que «as respostas dadas são um bom exemplo da aprendizagem no exterior» pois do que disseram «muito pouco foi aprendido em Portugal». O dossier tem ainda uma reportagem sobre o tema, na qual nos propusemos ouvir diversas pessoas de alguma forma ligadas ao meio empresarial, vários homens e várias mulheres; uma particularidade, eventualmente fruto do acaso, mas que achámos curiosa – os homens responderam, já as mulheres nem uma.
Mais uma coisa… Um novo conceito, que se pode encontrar num dos artigos do espaço «Perspectivas»: a «iliteracia emocional». Não resisto a colocar aqui um bocadinho do texto… «Modernamente, uma classe tecnopolítica (verdadeiros tecnocratas da política) emergente, é completamente incapaz de expressar emoções perante o sofrimento alheio. Reduz tudo a estudos e a análises económico-financeiras, cobrindo-se com o manto (não) diáfano do poder./ São os novos iletrados emocionais: conseguem dizer que são sensíveis ao problema e nada fazer; conseguem olhar com distanciamento o sofrimento alheio; conseguem persistir em ideias do passado quando vem aí o futuro; conseguem esconder-se dentro de uma redoma protectora; conseguem viver não vivendo e não deixando os outros viver./ Estes novos iletrados emocionais (que pululam por aqui e por ali) reconhecem-se facilmente não por aquilo que fazem mas, acima de tudo, pelo que não fazem, autoproclamando-se proprietários da razão, e os outros (os que sofrem, os que vivem com imensas dificuldades, os que não têm que comer) são sempre referidos como tendo dificuldades de entendimento e de análise das circunstâncias./ E até já se chegou ao cúmulo de classificar os dados sobre a pobreza e sobre as desigualdades na distribuição do rendimento em Portugal como ‘empiricamente falsos’.»
A edição, obviamente, tem muito mais para descobrir.
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